Dá para notar inicialmente a cor amarelada do gabinete que
geralmente está presente nos equipamentos dessa época.
Consultei o meu bom amigo e professor de química Flávio Matsumoto ( www ) e conforme palavras dele:
"Isso acontece devido a fatores
externos como oxigênio do ar e radiação UV que
podem levar a degradação de polímeros. Em casos
extremos, pode deixar o material totalmente quebradiço.
Aparentemente, no caso de gabinetes de computadores, a
degradação só ocorre superficialmente, mas que
acaba tendo alterações na estética. Tudo é
teoria, porque primeiramente não se tem certeza sobre a
formulação dos materiais que o compõe o
plástico do gabinete, mas é quase certo que estão
sofrendo algum tipo de oxidação que leva a
formação de compostos coloridos."
Voltando ao trabalho do Claudio, primeiramente a
máquina
foi completamente desmontada. Nesse ponto já dá pra notar
os problemas na membrana do teclado e capacitores rachados.
O branqueamento foi feito com peróxido dehHidrogênio,
popularmente conhecido como água oxigenada. Mas não
adianta chegar na farmácia e pegar aquela da prateleira que tem
somente 40 volumes que seria muito "fraca" para este processo. Foi
usada a de 200 volumes que é possível ser encontrada nas
boas lojas de produtos químicos. Essa foi comprada na B.Herzog no
centro do Rio de Janeiro por R$ 27,00 o litro (preço de
início de 2011).
No entanto, o professor Flávio alerta:
"Existe um risco ao manusear o
peróxido de 200 volumes pois ele é um oxidante muito
forte, portanto pode queimar a pele e é potencialmente
explosivo. O peróxido por si só é instável,
produzindo água e oxigênio gasoso, mas geralmente os
produtos comerciais contém estabilizantes que aumentam sua vida
útil. Porém em contato com compostos orgânicos como
papel ou madeira, por exemplo, pode entrar em combustão ou
até explodir. Nessa concentração, 1 litro do
produto pode rapidamente produzir 200 litros de oxigênio,
então já da pra imaginar o tamanho do estrago. Quem
quiser testar o método do Claudio deve utilizar EPI (óculos de segurança,
guarda-pó ou avental, luvas, calça comprida grossa e
sapato ou tênis fechado - nada de bermuda e sandálias). O
ideal é adquirir só o que for usar, pois não
convém fazer o armazenamento em casa. Para o descarte, siga o protocolo.
O Claudio fez alguns testes antes com teclados antigos e
determinou que o ideal é deixar o gabinete por 24 horas na bacia
com o peróxido. Como a bacia foi razoavelmente pequena para a
quantidade do químico, ele foi fazendo face por face do
plástico de cada vez durante uma semana inteira, deixando apenas
24 horas cada uma delas.
Aqui já depois de uma semana de trabalho. Notem que o
plástico ficou bem mais claro perdendo aquele tom amarelo.
O "cabo membrana" original do teclado foi trocado por um de CD player
que tinha exatamente a mesma medida. O cabo ainda tinha uma pequena
trilha partida que foi resolvida rapidamente com uma gotinha de solda.
Uma outra solução poderia ter sido a soldagem de um
pedaço de cabo flat, podendo ser cortado de um cabo IDE antigo
por exemplo. O Claudio colocou ainda um conector no LED que
originalmente era soldado diretamente na placa mãe. Desse jeito
facilita uma eventual manutenção no micro.
O TK2000 restaurado em toda a sua glória.
Pedi ao professor Flávio que
comentasse um pouco sobre as receitas de branqueamento de modo geral e
ele me respondeu o seguinte:
"A solução proposta
pelo Claudio é utilizar H2O2 que é um oxidante
razoavelmente forte. Creio que o mecanismo de ação
é oxidar ainda mais os compostos coloridos, até que se
chegue em compostos incolores. É o que ocorre em processos de
branqueamento de papel ou de tecidos naturais. Pelas fotos, parece que
funciona bem, mas teria que haver um estudo mais aprofundado, para
saber se o branqueamento é duradouro, se permite repetidas
reaplicações e se não fragiliza o plástico.
Ao contrário da cerâmica e do vidro, materiais
plásticos não são para sempre, um dia vai acabar
degradando (mas pode demorar muito tempo). A questão é
que não sei se este tratamento vai acelerar ou não esta
degradação. Não sei se vai funcionar para alguma
coisa, mas após lavar bem qualquer resíduo de
peróxido de hidrogênio, poderia mergulhar o
plástico numa solução de vitamina C (Cebion ou
equivalente), que é um redutor brando. Pode não ajudar,
mas mal não fará.
Além disso, eu só quero
deixar claro que apesar de dar conta do recado na aparência, o
material não está retornado ao estado inicial. Para isso,
teria que se usar um redutor (que é o contrário de
oxidante), para reverter a oxidação. Entretanto redutores
fortes como boridreto de sódio ou hidreto de alumínio e
sódio, são de difícil manipulação
pois não podem ver nem traço de água. Isso
significa que há necessidade de uso de solventes
orgânicos, que podem acabar dissolvendo o polímero, ou
ainda inchando o material. Portanto não recomendo seu uso,
apesar de ter ouvido falar que pode branquear folhas de papéis
amarelados.
Eu cheguei a encontrar
menção além do peróxido de hidrogênio
ao uso de hipoclorito de sódio nessas receitas, que é um
outro poderoso oxidante. Mas tem dois defeitos, a meu ver. O primeiro
é o seu cheiro, insuportável, enquanto o peróxido
é praticamente inodoro. E outro é o hipoclorito ser
bastante básico (alcalino), talvez possa afetar a
superfície por causa disso. Outro oxidante forte é
permanganato de potássio, mas ele é fortemente colorido e
pode produzir um resíduo marrom.
Todos os outros oxidantes fortes
são muito agressivos (perigosos), ou não são
acessíveis ao consumidor doméstico: sulfato
cérico, ozônio, cloro gasoso, perxenatos, flúor ou
moléculas perfluoradas, entre outros.
Penso que o peróxido de
hidrogênio acaba sendo o melhor, ou menos pior, dentre eles."
Comparem o resultado. Será
que dá pra notar a diferença?
Referências
bibliográficas: (indicadas pelo Claudio)
http://jefferson-ryan.blogspot.com/2009/03/como-fazer-plastico-velho-ficar-como.html
http://retr0bright.wikispaces.com/Using+Hypochlorite
AGRADECIMENTOS:
Claudio, obrigado pelas fotos e pelo excelente trabalho... e desculpa pela demora em
hospedar...rs!
Agradeço também ao Victor Trucco ( www )
pelo passo-a-passo e por disponibilizar o artigo primeiramente no seu site e "foi só
copiar" para o meu...rs!
Também tenho que
agradecer
ao Professor Flávio Matsumoto.